09 set A educação dos filhos é mais efetiva quando é feita com amor, respeito e conexão emocional.
Em meus workshops ou nas sessões de orientação familiar, sempre que pergunto aos pais o que desejam para o futuro de seus filhos, a resposta que mais ouço é: que eles se tornem pessoas de bem, felizes, que construam relacionamentos saudáveis, que sejam bem sucedidos e líderes de si mesmos, independente da profissão ou estilo de vida que decidam seguir.
Mas será que a criação que proporcionamos aos nossos filhos é favorável para que se tornem confiantes, felizes e bem sucedidos?
Por muito tempo se acreditou que a punição e o controle eram formas efetivas e justas de se educar os filhos. Apesar de todos os estudos e avanços na área, ainda é muito comum se utilizar metodologias de castigo para tentar controlar as emoções e o mau comportamento da criança.
Ao incutir culpa na criança, fazemos com que ela receie sentimentos naturais como o ciúme e a raiva. Ao acreditar que está sendo má e ingrata, a criança passa a ter receio de seus sentimentos, buscando reprimi-los, tornando-os ainda mais difíceis de controlar.
O castigo e a punição trazem um certo alívio para os pais, passando a falsa sensação de controle e autoridade, mas não educa de forma efetiva quem erra. Ao se sentir envergonhada, a criança passa a carregar sentimentos de culpa, raiva e ansiedade.
A obediência pelo medo de ser castigado, acarreta um controle superficial que não é efetivo a longo prazo. A criança não aprende a refletir sobre as consequências de seus comportamentos, age apenas para evitar a punição, ao invés de se responsabilizar pelos seus atos e suas consequências.
Segundo estudos de neurociência, níveis elevados de estresse, principalmente na primeira infância, comprometem uma área do cérebro que controla as funções intelectuais mais sutis e complexas, como também a capacidade de regulação emocional.
As crianças estão aprendendo e se desenvolvendo e, precisam que seus pais as orientem com consistência e paciência. Isso não quer dizer que devemos deixá-los fazer tudo o que desejam. Filhos precisam além de amor e afeto, de disciplina, regras e alguém que lhes ensine e lhes diga não quando necessário.
É importante que tenhamos a sabedoria de identificar quais situações podem ser evitadas e as que não podem e são inegociáveis. Devemos evitar entrar numa disputa de poder com os filhos. Não usar a chantagem, punição ou permissividade, mas agir de forma firme, respeitosa e amorosa.
A firmeza exige que se cumpra o que prometeu, por isso é importante ser coerente com suas atitudes:
– “Quando a mesa estiver posta, eu vou servir o jantar.”
– “Eu vou dirigir, assim que vocês pararem de brigar.”
– “Quando você terminar suas tarefas poderá sair para brincar com seu amigo.”
Muito desgaste pode ser evitado quando adotarmos intervenções simples e mais efetivas, criando uma menor resistência. Com crianças pequenas, podemos utilizar recursos como a distração. Ao invés de exigir pronta obediência, você pode inventar um jogo. Alguns exemplos:
– “Aposto que consigo colocar o pijama primeiro que você.”
– “Vamos ver quantos brinquedos você consegue guardar em 20 segundos?”
– “Vamos cronometrar em quanto tempo você consegue vestir sua roupa?”
Além de usar técnicas que funcionem melhor, também precisamos ensinar aos nossos filhos a controlar suas emoções e impulsos, através da autorregulação e do desenvolvimento de habilidades. Você pode ensiná-los a dominar o ciúme e a agressividade por meios pacíficos, sendo o seu melhor exemplo.
Os pais precisam reconhecer suas próprias questões. Compreender que o problema muitas vezes não é o que a criança faz, mas o sentimento que é despertado em nós. Sempre que você não conseguir compreender um comportamento, pergunte-se o que pode estar acontecendo, o que ela pode estar ganhando em agir dessa forma.
Com sabedoria, paciência e amor, você pode criar seus filhos num lar em que predomine uma educação respeitosa e eficaz, no qual ele se sinta seguro e livre para crescer e aprender.
Danielle Vieira Gomes
Artigo feito para a revista Cloud Coaching,
publicado no mês de Junho/2020