26 abr Agressão em criança não pode ser aceitável
Por muito tempo acreditou-se que para educar uma criança era necessário usar de punição e castigos físicos. Evoluímos em tantas áreas, mas as estatísticas recentes e tantas histórias chocantes de violência contra crianças têm demonstrado o quanto ainda precisamos transformar nossa percepção na educação de filhos.
Mesmo com toda a comprovação científica, estudos sobre o impacto negativo causado no desenvolvimento da criança e dados tão assustadores, ainda há quem defenda que bater é aceitável.
Felizmente existe uma corrente de profissionais de várias especialidades, estudiosos e pais que trabalham incansavelmente para difundir informações importantes nessa área. Suas contribuições ajudam a ampliar o conhecimento sobre os efeitos negativos das agressões, trazendo novas perspectivas e propondo alternativas à punição para educar um filho.
Ainda assim, é muito comum ler nos comentários de publicações que defendem uma prática não agressiva, justificativas do tipo: “Os pais têm que fazer valer sua autoridade”, “Sempre apanhei quando criança e sobrevivi”, entre outras coisas do gênero.
Será que sobreviver é nosso ideal de vida? O quanto as agressões sofridas na infância impactam nos relacionamentos atuais? Quantas pessoas carregam dores emocionais que influenciam sua vida no presente por terem sofrido agressões na infância justamente daqueles que deveriam proteger, dar segurança e ensinar o certo e o errado? Quantas pessoas toleram e se mantêm num relacionamento abusivo, seja em sua vida afetiva ou profissional, por achar que isso é aceitável?
Sabemos que violência gera ainda mais violência e como estudos já comprovaram, a probabilidade de uma criança agredida se tornar um agressor é muito maior. Ao bater, os pais passam a mensagem que a agressão é uma forma possível de se conseguir o que se quer.
Assim como não é admissível bater no parceiro, num subordinado, num colega de trabalho porque cometeu um erro, também não deve ser bater em uma criança. Usar desse tipo de recurso com a justificativa de educar, só demonstra a falta de recursos e habilidades para lidar com o próprio autocontrole.
Para ser pai e mãe é preciso disponibilidade, paciência e muita dedicação. Muitas pessoas se tornam pais para seguir uma convenção social ou de forma não planejada, sem avaliar o quanto estão preparados e dispostos a assumir essa grande responsabilidade.
É importante buscar compreender suas próprias necessidades ao invés de tentar atender às expectativas impostas pela sociedade. Muitas pessoas não nasceram para ser pai e mãe. O importante é que cada um descubra o que realmente o torna uma pessoa feliz e realizada e busque viver em consonância com seus objetivos.
Se uma pessoa não tem tempo para se dedicar à maternidade ou paternidade, é melhor que não tenha filhos. Em qualquer função que assumimos em nossa vida é preciso preparo e dedicação. Neste caso, ainda mais importante, pois estamos falando em formar um ser humano. Como pais, precisamos desenvolver nosso conhecimento para praticar uma parentalidade consciente.
O que não quer dizer que seremos infalíveis. Somos humanos, cometemos erros e perdemos o controle em algumas situações. Mas sempre é importante reconhecer e reparar nossas atitudes. Buscar compreender as influências que sofremos para quebrar o ciclo da violência.
Cabe aos pais educar, ensinar, colocar limites e corrigir. Mas existem formas mais adequadas de fazer isso. Quando conseguimos controlar melhor nossas emoções estamos ensinando nossos filhos a fazerem o mesmo. A criança respeita e coopera melhor quando enxerga os pais como aliados, confiáveis e justos.
Danielle Vieira Gomes
@daniellevieiragomes