09 nov Os estilos parentais e o desenvolvimento infantil
Os estilos parentais foram baseados inicialmente no trabalho pioneiro de pesquisa de Diana Baumrind, psicóloga do desenvolvimento da Universidade da Califórnia em Berkeley, na década de 1960. Baumrind identificou duas dimensões centrais do comportamento dos pais – expectativas estruturadas e capacidade de resposta – e a descoberta de que essas dimensões em combinação revelaram três estilos parentais principais: autoritários, permissivos e autoridade.
Na década de 1980, Maccoby e Martin contribuíram para o aprimoramento do modelo e distinguiram os estilos parentais em função das dimensões exigência e responsividade. A partir de novas contribuições, foram definidos quatro estilos parentais:
- Autoritarismo
- Permissividade
- Negligência
- Autoridade respeitosa
Os estudos comprovaram que diferentes estilos parentais podem levar a diferentes resultados quanto ao desenvolvimento infantil. Pode-se constatar que existe uma relação entre o tipo de estilo parental e o comportamento dos filhos.
- Alta exigência (alta firmeza) com baixa capacidade de resposta (com baixa gentileza)
Os pais que utilizam o autoritarismo são muito exigentes com o comportamento dos filhos. Costumam basear a educação na rigidez, no controle e na punição. Não procuram envolver os filhos no processo decisório e não abrem espaço para o diálogo. Utilizam a ordem, mas não dão liberdade.
Filhos cujos pais têm um estilo parental autoritário tendem a:
– Se sentir mais infelizes;
– Ter maior dificuldade em lidar com frustrações;
– Ser menos independentes;
– Demonstrar maior insegurança;
– Ter baixa autoestima;
– Apresentar mais problemas comportamentais.
- Baixa exigência (baixa firmeza) com alta responsividade (alta gentileza)
Os pais que utilizam a permissividade não costumam estabelecer regras e limites. Costumam ceder aos desejos dos filhos com medo de perder o seu amor, ou para evitar que tenham um ataque de raiva, ou até mesmo por medo de decepcioná-los, ou de que a criança sofra. Dão liberdade aos filhos, mas sem a ordem.
Filhos cujos pais têm um estilo parental permissivo tendem a:
– Não ter limites;
– Demonstrar dificuldades em seguir regras;
– Apresentar comportamentos mais egocêntricos;
– Ter dificuldade para se autorregular;
– Ter baixa tolerância a frustrações.
- Baixa exigência (baixa firmeza) com baixa capacidade de resposta (baixa gentileza)
Pais negligentes são indiferentes às necessidades dos filhos, não se importam e não se envolvem em suas vidas.
Filhos cujos pais têm um estilo parental negligente tendem a:
– Ser mais impulsivos;
– Possuir maior dificuldade para se autocontrolar;
– Apresentar mais problemas comportamentais;
– Estar mais sujeitos a desenvolver problemas emocionais.
- Alta exigência (alta firmeza) com alta capacidade de resposta (alta gentileza)
Pais que utilizam o modelo parental da autoridade respeitosa combinam gentileza e receptividade com estrutura. Conseguem estabelecer regras e colocar limites, são afetuosos e dão apoio. Envolvem a criança no processo decisório, mantêm o diálogo aberto, fornecem orientação, transmitindo regras de convivência e valores. Empregam a liberdade com a ordem e dão escolhas limitadas. São respeitosos e encorajadores.
Filhos cujos pais têm um estilo parental de autoridade respeitosa tendem a:
– Apresentar uma disposição mais feliz;
– Ser mais independentes;
– Possuir uma maior autoconfiança;
– Desenvolver melhores habilidades sociais;
– Conquistarem melhores resultados a longo prazo.
O estilo parental não é o único fator determinante nos resultados da criança. As diferenças no contexto social e no temperamento infantil também podem fazer a diferença. Pode acontecer ainda, dos pais não se encaixarem totalmente em um estilo, havendo situações que alternam entre um estilo e outro.
No entanto, comprovadamente, o estilo mais eficiente para um desenvolvimento infantil mais saudável é o estilo da autoridade respeitosa, em que os pais são afetuosos, receptivos e sensíveis às necessidades emocionais e de desenvolvimento dos filhos. Combinam a orientação e limites com uma educação respeitosa e encorajadora.
Referências:
http://www.devpsy.org/teaching/parent/baumrind_styles.html
https://senate.universityofcalifornia.edu/in-memoriam/files/diana-baumrind.html
https://www.parentingforbrain.com/4-baumrind-parenting-styles/
Nelsen, J. Disciplina Positiva. 3a. edição. Ed. Manole. 2015.