15 fev Os prejuízos causados pela punição para um desenvolvimento saudável
O núcleo familiar é o primeiro e mais essencial ambiente em que as crianças se desenvolvem. Criar uma atmosfera de respeito em que predominem práticas disciplinares de orientação e aprendizagem, promove o desenvolvimento de uma criança segura e emocionalmente saudável.
Antes se acreditava que a educação com punição não era prejudicial, mas atualmente, com a evolução dos estudos na área de neurociências, não existem dúvidas dos efeitos nocivos e sobre a necessidade de praticar uma educação não violenta.
Muitos pais acabam usando com seus filhos os mesmos métodos de disciplina a que foram submetidos quando criança e que resultaram nos problemas que precisam trabalhar agora para curar suas dores. Por isso, é tão importante resolver seus próprios conflitos e problemas emocionais para mudar sua interação com seus filhos.
Os pais que possuem histórico de trauma podem mudar seu comportamento com os filhos para romper esse ciclo. Isso pode fazer a diferença na vida de uma criança. Mudança é sempre possível, cura é sempre possível.
Práticas que se utilizam frequentemente da punição física, tendem a promover o desenvolvimento de uma criança ansiosa e insegura e com dificuldade de adaptação social. Tais atitudes causam uma confusão nas bases de referência da criança. Fica difícil a criança compreender que a pessoa que é sua fonte de amor e deveria protegê-la, também causa dor e medo.
Crianças que crescem em ambientes de grande estresse geralmente tem mais dificuldade para se concentrar, se acalmar, se recuperar de decepções, de regularem seus pensamentos e sentimentos. O estresse pode afetar o desenvolvimento do cérebro, a formação fisiológica e psicológica.
Crianças precisam de ensinamentos e orientação e não de punição. Punir é sinal de autoritarismo e não de autoridade, causam a falsa sensação de retomar o controle da situação para aquele que pune. Bater, além de ser nocivo, passa o conceito de que agressão física é uma forma aceitável de resolver os problemas.
Isolar os filhos por longo período de tempo, humilhá-los, assustá-los gritando ameaças ou usar outras formas de agressão verbal e psicológica, podem ser tão ou mais danosas que a agressão física. Ser emocionalmente distante, ter atitudes excessivamente críticas, fazer altas exigências e excesso de pressão por desempenho, geram nos filhos sentimentos de desamparo.
As punições ensinam a ter medo das sanções e não a ter responsabilidade e autodisciplina. Quando se está sobrecarregado por sentimentos negativos, fica difícil aprender algo. Queremos que a criança compreenda as consequências de seus atos e não somente evite as punições.
As emoções causadas pela punição estimulam o circuito do estresse no cérebro e impedem que a criança reflita sobre o que fez. Impedem o surgimento do sentimento saudável de culpa, desviando a atenção da criança para sentimentos negativos em relação aos seus pais que são vistos como injustos e maus.
Nosso objetivo como pais é ensinar habilidades e orientar e não punir e castigar. Quando a criança tem uma crise de raiva ela só precisa ser contida, tranquilizada e protegida. Quando os filhos estão tristes, irritados ou sobrecarregados é o momento que mais precisam de nossa empatia, compreensão e suporte.
Os pais que ajudam os filhos a lidar com momentos estressantes e a se acalmar depois de um acesso de raiva, costumam exercer um efeito profundamente benéfico sobre sua capacidade de controlar o estresse no longo prazo. Disciplina com conexão e respeito ativa o circuito reflexivo e receptivo do cérebro para criar cooperação, percepção, empatia e reparação.
Pais erram na tentativa de acertar, por isso é tão importante que procurem ampliar seu repertório de práticas disciplinares. Geramos grandes mudanças quando conseguimos mudar nossa forma de pensar e de nos comunicar e isso pode gerar uma grande diferença na vida de nossos filhos.
Artigo para a Revista @cloudcoaching
Danielle Vieira Gomes
@daniellevieiragomes